Steffi Graf terá sempre Seul.

Seul 1988, diga-se.

Nos mesmos Jogos Olímpicos que Rosa Mota agarrou o ouro para Portugal (o segundo de sempre depois de Carlos Lopes em 1984), a tenista alemã segurou o slam dourado – ou no jargão tenístico, o golden slam.

Isto é os 4 Slams (Austrália, Wimbledon, Garros e US Open) mais o ouro olímpico.

É a única (entre homens e mulheres) até hoje a consegui-lo num mesmo ano.

Foi em 1988.

 

Djokovic ficou às portas (do ouro olímpico e do Grand Slam)

É algo tão difícil que alcançá-lo é quase uma espécie do cálice sagrado.

Novak Djokovic esteve quase a conseguir – mas nem o Grand Slam (a conquista dos 4 majors) conseguiu.

 

Golden Slam não é para meninos (não é Steffi Graf?)

 

O ouro olímpico caiu por terra em Tóquio: perdeu nas meias-finais com Zverev (6-1, 3-6, 1-6).

O sérvio também falharia a seguir a conquista do US Open, ao perder a final pra Medvedev – perdendo a hipótese de fazer o Grand Slam.

 

Afinal, Djokovic é humano (eis Medvedev para o provar)

 

Graff, quem mais?

Começou tudo em Melbourne, seguiu-se Paris, Wimbledon e Nova Iorque.

Para acabar em grande em Seul.

Não se pense que foram favas contadas.

 

OPEN DA AUSTRÁLIA 1988

Steffi Graf entrou em Melbourne já com um grande título debaixo do braço – o de Roland Garros em 1987.

Tinha 18 anos e era a número 1 do mundo.

Nada mau para um CV ainda a brilhar de novo.

 

 

A vingança de Navratilova

Mas Graff chegava a Austrália com duas finais perdidas nos dois últimos Slams – em Wimbledon e Nova Iorque, ambos para Martina Navratilova.

A tenista checa ganhara o sexto ceptro seguido na relva de Londres e repetiu a dose no US Open defendendo o título ganho ali em 1986: somando o quarto naquele piso.

 

Fim de série de 11 finais seguidas da checa

Steffi Graf chega à final de Melbourne sem Navratilova – a grande rival da alemã tinha sido eliminada nas meias-finais por Chris Evert 6-2, 7-5.

Isto pôs fim a 11 presenças seguidas em finais do Grand Slam de Navratilova – uma série que tinha começado em Roland Garros, em 1985.

Para Evert era a corrida a uma terceira conquista na Austrália – já tinha sido finalista em 3 ocasiões.

Foi a 34ª final de um Slam na carreira da americana de 33 anos: e seria também a última.

 

 

Graf venceria em dois sets 6-1 e 7-6 (7-3) – foi o primeiro de 4 títulos que a alemã conquistaria ali – e daria início a uma epopeia que nem a própria suspeitava.

 

ROLAND GARROS 1988

Steffi Graf chegou a Paris como a campeã em título. E no topo do mundo graças ao número no ranking.

Em França e embalada com a vitória na Austrália, a alemã obteve uma das vitórias mais fáceis de sempre.

Venceu os primeiros 4 encontros perdendo apenas 10 jogos – vencendo três sets por 6-0 em oito jogados.

O duplo 6-0 no quasro de Roland Garros | foto IMAGO

 

Final durou 32 minutos

Depois de ter despachado Bettina Fulco com 6-0 e 6-1 nos quartos-de-final o encontro mais duro viria a ser a meia-final frente a à 4ª cabeça-de-série Gabriela Sabatini.

Contra a argentina cedeu quase tantos jogos (9) como em todo o torneio para trás (11).

No final a vitória da alemã por 6-3 e 7-6 (7-3) deram acesso à final.

 

 

Aí apanhou uma novata de 17 anos Natasha Zvereva: a soviética que ficou para a história como a única final 6-0 e 6-0 e em meia-hora a coisa estava arrumada (32 minutos para sermos exatos).

Foi o segundo triunfo em Paris num total de seis que viria a ganhar na carreira – o último seria 11 anos depois, em 1999.

 

WIMBLEDON 1988

Graf pisou a relva de Wilmbledon sabendo a enorme tarefa que tinha pela frente.

Teria derrotar Navratilova e vingar a derrota ali no ano anterior – mas a checa tinha ganho os últimos SEIS torneios em Londres.

Até à final foi um passeio: perdeu apenas 10 jogos nos quatro primeiros encontros – incluindo um duplo 6-0 na estreia.

 

 

A alemã derrotou Pascale Paradis 6-3 e 6-1 nos quartos-de-final antes de enfrentar a 3ª cabeça-de-série Pam Shriver – aí com 6-1 e 6-2 chegou à segunda final consecutiva de Wimbledon.

Do outro lado o percurso de Navratilova não foi diferente – a checa chegou aos quartos-de-final sem perder um set.

 

7ª final seguida para Navratilova

Chegou à sétima final seguida de Wimbledon perdendo apenas um set – levando uma série de 47 encontros sempre a vencer.

Era altura de reclamar o 9º título em 11 anos naquela relva.

Graf chegou aos 5-3 no primeiro set, mas Navratilova respondeu com 6 jogos seguidos a ganhar colocando-se em vantagem 7-5 – foi o primeiro set que a alemã perdeu num Slam naquele ano.

No segundo set a checa chegou ao 2-0 – mas Graf repetiu o feito da rival e venceu 6 jogos consecutivos e empatar o encontro 1-1.

No terceiro set Graf venceu 6-1 e pôs um ponto final no reinado de Navratilova – e venceu o primeiro dos seus 7 títulos em Wimbledon.

 

US OPEN 1988

Chegada aqui era a grande oportunidade para Graf colocar o seu nome na história.

Ser a primeira a fazer o Grand Slam da era open. Nunca ninguém tinha feito (nem homens nem mulheres).

Tal como havi acontecido em Roland Garros e Wimbledon, a alemã pedeu apenas 10 jogos nos primeiros 4 encontros.

Depois foi a vez de ultrapssar a búlgara Katerina Maleeva 6-3 e 6-0 nos quartos-de-final para marcar duelo com Chris Evert nas meias-finais.

 

 

Mas a 3ª cabeça-de-série desistiu antes da partida – deixando a final de portas abertas para Graf.

Aqui teria Sabatini pela frente: a alemã venceu o primeiro set, 6-3. Mas a argentina respondeu vnecendo o segundo set, também 6-3.

No decisivo set Graf impôs-se com 6-1 e fechou o Grand Slam em estilo.

Aos 19 anos venceu os 27 encontros seguidos nos quatro Slams – cedendo apenas dois sets: ambos em finais.

Steffi Graf venceria ainda mais quatro US Open – o último em 1996.

 

Medalha de ouro, Seul 1988

Pela primeira vez desde 1924 o ténis voltava a ser modalidade olímpica.

Em Los Angeles, quatro anos antes, tinha aparecido como exibição – um torneio que Graf tinha ganho.

Agora chegava a Seul como cabeça-de-série e favorita à vitória final.

Menos de duas semanas depois de ter arrecadado o US Open a vencedor de 5 Slams venceu os dois primeiros encontros sem problemas – e marcou encontro com a soviética Larisa Savchenko nos quartos-de-final.

 

 

Renhido, a alemã passou com 6-2, 4-6 e 6-3 para poder garantir pelo menos uma medalha.

Mas Graf queria mais do que isso.

Apanhou a a americana Zina Garrison nas meias-finais e venceu 6-2 e 6-0 para poder discutir a medalha de ouro.

À semelhança do US Open a final foi disputada com Sabatini – e aqui a argentina nsem um set venceu: 6-3 e 6-3.

Cinco torneios, 33 vitórias, 4 Majors e uma medalha de ouro olímpica – algo difícil de repetir.