Ténis não é um jogo de vida ou de morte, é muito mais do que isso.

A frase não é bem assim, é de Bill Shankly e é com futebol (“Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it’s much more serious than that”). Mas com o andar das coisas esta semana a frase bem pode passar para o ténis.

 

Sim, estamos a falar da final do US Open entre a Serena Williams e Naomi Osaka.

De um lado, Naomi, japonesa de 20 anos, cinco como jogadora profissional, e cujo sonho era defrontar a sua ídola Serena numa final de Grand Slam.

Do outro, a ídola de Naomi, Serena, norte-americana vencedora de 23 Grand Slam (à beira do recorde absoluto de 24 que pertence à australiana Margaret Court). Tem 36 anos – 23 anos de carreira.

Naomi nasceu em 1997 – Serena venceu o seu primeiro Major em 1999, precisamente o US Open (ganharia mais 5 finais em Nova Iorque).

No domingo, Naomi ganhou o seu primeiro Grand Slam e foi a primeira nipónica a fazê-lo, mas essa não foi a notícia do dia. Os castigos a Serena e o aceso diálogo da tenista com o árbitro português Carlos Ramos passaram para primeiro plano.

Ninguém consegue tirar nada a Ramos a não ser uma curta frase arrancada pela Tribuna Expresso.

“Estou bem, tendo em conta as circunstâncias. É uma situação chata, mas arbitragem ‘à la carte’ não existe. Não te preocupes comigo!”.

Este “não te preocupes comigo” é para Miguel Seabra, jornalista e amigo do árbitro português que conseguiu a única frase de Ramos desde que começou a borrasca.

A CBS faz um resumo da tormenta.

 

 

Mark Knight, autor do polémico cartoon, que entretanto já viu a sua conta do Twitter suspensa, diz que não recua.

 

 

Martina Navratilova, num artigo de opinião no New York Times, escreve sobre o que Serena fez de errado: Just because the guys might be able to get away with it doesn’t mean it’s acceptable.

É precisamente esta frase que Ana Cristina Santos, Doutorada em Estudos de Género pela Universidade de Leeds e Mestre em Sociologia pela Universidade de Coimbra, contesta num artigo de opinião no Público para sair em defesa da tenista.

A WTA e a Associação de Ténis norte-americana (USTA) apoiaram a tenista e agora os árbitros ponderam boicotar os jogos de Serena Williams.

A antiga tenista Billie Jean King, dona de 129 títulos (12 Grand Slam) nos anos 70, fundadora do WTA, feminista e vencedora do jogo Batalha dos Sexos contra Bobby Riggs, saiu em defesa de Serena, mas mais tarde suavizou a sua defesa.