Pode ser difícil de explicar, especialmente agora que o Inter de Milão voltou a ganhar um título nacional mais de uma década depois.
Mas este clube não tem tido uma vida famosa desde da altura em que José Mourinho de lá saiu (2008/2009, na época seguinte seria campeão).
A título de curiosidade, foi Antonio Conte, agora campeão (lá vão quatro em Itália), que começou a hegemonia da Juventus há 10 anos.
Agora terminou-a.
Mais uma novidade: o Inter disse adeus a Icardi e a Godín, figuras de proa deste emblema, e às provas europeias (muito cedo) este ano.
Portanto, depois de uma carrada de treinadores – e de uns quantos investimentos que correram mal (olá João Mário!) ou jogava com o que tinha – mais Romelu Lukaku – para livrar a maldição interna de nunca ganhar quase nada na história recente.
Ou tinha de se virar para a juventude.
E é aí que nos vamos focar esta terça-feira, para perceber como foi possível chegar ao 19º caneco italiano.
Lautaro Martínez
De avançados nem é preciso falar muito: o argentino Lautaro Martínez, 23 anos, 44 jogos, 17 golos, na terceira época pelo Internazionale.
Tem um valor de mercado a rondar os 70 milhões de euros e o Barcelona já o quer ir buscar.
Mas o melhor é mesmo começarmos lá atrás, porque lá é que está o segredo.
Alessandro Bastoni
E claro, olhemos para o italiano Alessandro Bastoni, de apenas 22 anos. Fez toda a formação no Atalanta, ainda andou pelo Parma emprestado, mas este ano completou a sua segunda época inteira ao serviço do Inter, com 38 partidas nos pés.
Já confessou que queria ficar nos nerazzurri uns 20 anos. E que não houve música para se preparar. Escândalo. É capaz de ser o único futebolista a admitir isto. Está explicado o talento e a solidez defensiva.
Milan Skriniar
Passemos rápido pelo seu companheiro em campo (e de quarto), o esloveno Milan Skriniar, de 26 anos. Quarta época pelo Inter, vindo do Sampdoria.
Tem aprendido muito com Conte, que insistiu na coesão defensiva da equipa, como um bloco, e até o ensinou a jogar num sistema de 5 defesas.
Correu um rumor que poderia ir para Inglaterra, até porque andava jogar pouco.
As coisas mudaram e nunca mais largou o lugar.
Achraf Hakimi
Ainda podíamos falar do defesa direito Achraf Hakimi, marroquino de 22 anos, que já leva 41 jogos pelo Inter e sete golos. Esteve no Real Madrid, no Borussia (duas épocas, 12 golos) e acabou em Itália, de cerca de 50 em 50 milhões de euros.
Mas este jogador quase que nem precisa de ser apresentado.
A única coisa que precisamos de saber é que (mais uma vez) graças a Conte, Achraf conseguiu fazer algo de que gosta muito: atacar, atacar, atacar.
Stefano Sensi
Saltemos para o meio campo, ainda que o Inter tenha muito por onde escolher.
São é todos um pouco mais velhos do que os habituais jogadores que costumamos avaliar por aqui.
Stefano Sensi, italiano de 25 anos, veio do Sassuolo e leva este ano 17 partidas nas costas.
Andou com muitas lesões, escreveu-se até que deveria sair do Inter – por poder ser como um Iniesta ou um Xavi – por andar com problemas do foro mental.
A certa altura, achou que era o típico jogador espanhol, até que Conte lhe mostrou que consegue jogar um futebol 360º.
E isto nem lhe dá tempo de ver séries da Netflix como Vis a Vis (é fã, opa, opa, afinal é mesmo espanhol?).
Nicolò Barella
Terminamos com Nicolò Barella, mais um italiano de 24 anos (há nove, ao todo, no plantel).
Fez 43 partidas este ano e marcou 3 golos. Só conhece clubes italianos além do Inter: Cagliari e Como.
Diz que adora ouvir os adeptos a rosnar cada vez que vence um lance.
E que começou, desde miúdo, ao lado do pai, a seguir os jogos do Inter especialmente graças a Dejan Stankovic.
Não terá tanto faro para golo, mas a verdade é que Nicolò parece uma moto que não gasta gasolina.
O único problema? É que o seu ídolo não é nem Messi, nem Ronaldo, Ronaldinho ou Maradona. Chama-se LeBron James. Que Conte não te oiça, rapaz.