Fernando Santos está numa encruzilhada.
É capaz de ter da melhor fornada de jogadores portugueses de sempre mas não sabe bem o que fazer com eles.
Esta é (e será até à sua saída) a maior crítica apontada ao senhor engenheiro. E tem algum fundamento.
Depois da eliminação do Euro 2020 diante da Bélgica (1-0), ficou-se com a sensação de que uma equipa que tem Cristiano Ronaldo, João Félix, Bernardo Silva, João Palhinha ou Renato Sanches devia ir muito mais longe já que estava a defender o título de campeão europeu.
Só que não.
Agora, já com o campeonato a decorrer, e com três jogos pela frente – dois para a qualificação para o Mundial 2022 contra a República da Irlanda e do Azerbeijão, mais um particular com o Qatar – Fernando Santos parece ter ouvido algumas das críticas.
Pelo menos, já está a pensar no futuro.
Gonçalo Inácio e Diogo Costa – nova geração
Para isso, basta olhar para a convocatória.
Nomes como Gonçalo Inácio (entretanto dispensado por lesão) ou de Diogo Costa asseguram que, pelo menos, Fernando Santos não está só preso à velha máxima de “Ronaldo e mais dez” – ou, talvez não, porque com o buzz todo à volta de CR7 no United vai ser impossível fugir às mil perguntas dos jornalistas durante estas três partidas até porque o madeirense tem um recorde de golos para bater.
E a bem da verdade, Portugal pode até voltar a repetir o mesmo futebol cansado e preso que, desde que ganhe, pouco ou nada vai importar.
Ora, a seleção das quinas lidera o grupo A com sete pontos, estando igual com a Sérvia. Vai defrontar o quarto-classificado e depois o quinto, com zero pontos.
Quarta-feira 1 de setembro
Grupo A: Luxemburgo vs Azerbaijão, Portugal vs Rep. Irlanda
Grupo D: Cazaquistão vs Ucrânia, França vs Bósnia e Herzegovina
Grupo F: Dinamarca vs Escócia, Ilhas Faroé vs Israel, Moldávia vs Áustria
Grupo G: Letónia vs Gibraltar, Noruega vs Holanda, Turquia vs Montenegro
Grupo H: Malta vs Chipre, Rússia vs Croácia, Eslovénia vs Eslováquia
Olhando para a história, bem sabemos que é aqui que Portugal costuma perder pontos.
E podemos até aqui apostar que vai ser diante do Azerbeijão, que andava no lugar 108 da FIFA até há bem pouco tempo, e só perdeu por 1-0 com os portugueses graças a um autogolo de Maxim Medvedev, capitão desta seleção, ainda este ano. Esperemos que não.
Octávio é a novidade
Voltemos para a equipa.
Estão fora nomes como Sérgio Oliveira e William Carvalho – tal como Pizzi – e há agora outra novidade de seu nome Otávio, luso-brasileiro do FC Porto.
O bom é que, o escárnio e mal dizer que já se gerou à volta do portista, pode ver os dias contados com uma simples vitória.
Equilíbrio com irlandeses
É que Portugal só vai para o quinto jogo oficial diante da Rep. da Irlanda que tem o equilíbrio como palavra chave: vitória para cada lado mais dois empates.
Onde talvez não nos precisemos de preocupar é mesmo na defesa.
Rúben Dias está com a confiança nos pícaros com a renovação pelo Manchester City, João Cancelo regressou e até temos um menino que anda longe dos radares, mas a espalhar magia no Granada, chamado Domingos Duarte.
O problema é mesmo o ataque. Não é por falta de qualidade, é por falta de noção, ou obrigação de passar sempre a responsabilidade para Ronaldo.
Por isso, Fernando Santos, para já, pode respirar. Se aguentou depois da eliminação precoce no europeu, aguenta mais um tempo sob críticas.
Só falta mesmo meter a seleção a jogar à bola.