Foi fácil. Foi tornado fácil.

Fernando Santos não mudou as agulhas táticas do seu jogo, independentemente de se preparar para no Azerbaijão encontrar uma organização defensiva robusta (5x4x1).

O treinador português surgiu em Baku no 4x3x3.

Palhinha o “guarda” das possíveis Transições adversárias, que nunca sairam pela competência portuguesa, nas costas dos interiores Bruno Fernandes e João Moutinho, enquanto Bernardo Silva desta feita jogou na linha mais adiantada, com Jota e André Silva.

A diferença individual ficou bem patente desde cedo.

Embora as intenções de Giovanni de Biasi fossem a de juntar muita gente atrás da linha da bola para encurtar o espaço, a verdade é que por diversas vezes a selecção lusa construiu descobrindo espaços por onde entrar para atacar apenas a linha defensiva adversária.

A desinspiração de Diogo Jota não lhe permitiu aproveitar momentos onde até é especialmente forte – espaços mais abertos para acelerar para cima dos defesas – perdeu também uma série de lances.

Lances esses que se percebeu estarem a afetar-lhe o rendimento: no momento em que marcou e “sacudiu demónios”.

 

 

Foi Bruno Fernandes em diferentes momentos que desequilibrou o jogo.

Duas bolas verdadeiramente fabulosas, teleguiadas com a particularidade de levarem sentidos diferentes.

No primeiro lance da esquerda para a direita deixou Bernardo livre para um golaço do extremo luso.

 

 

No segundo, com o sentido diferente: da direita para a esquerda, encontrou Diogo Jota nas costas da defesa, que serviu André Silva para um golo fácil.

 

A postura séria nos momentos da perda, o compromisso por um jogo por vezes mais pausado, para que menos posses fossem perdidas e consequentemente menos momentos para que surgissem correrias, fez o jogo decorrer a um ritmo baixo.

Mas de total controlo e tranquilidade para a equipa de Fernando Santos.

O desnível foi sempre notório e a diferença não ficou mais vincada no marcador porque apenas João Cancelo forçou no 1×1 os desequilibrios ofensivos que o seu posicionamento permitia.

Foi sempre o homem de fora do triângulo de criação Bruno Fernandes-Bernardo-Cancelo.

 

VÍDEO

Foi precisamente de mais um desequilibrio no drible provocado por Cancelo que nasceu o terceiro golo. Mais uma bola cruzada para a área, desta feita pelo veloz lateral.

 

DESTAQUES INDIVIDUAIS

Bruno Fernandes
Foi o criador luso que permitiu desbloquear um jogo que nunca pareceu difícil mas que carecia de confirmação no marcador. Conduziu quando o espaço se abriu, fez a bola circular, teve critério e foi capaz de discernir o momento para procurar a zona de finalização. Dos seus pés nasceram os dois golos que sentenciaram aspirações adversárias.

 

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João Cancelo
Locomotiva à solta no corredor lateral. Saltou por cima de lateral, e ainda bateu central que aproximava em cobertura e até o ala que vinha ajudar. Cada aceleração trouxe problemas à equipa Azeri, pela tremenda facilidade de drible e desequilíbrio. Ofereceu o golo a Diogo Jota e foi o dínamo maior do ataque luso.

Bernardo Silva
O seu golo foi um tratado de bem definir na grande área. Do movimento que ganha as costas ao adversário directo, à finalização de classe. Em zona de criação soube perceber o momento de conduzir, fixar e soltar, permitiu com os seus movimentos interiores que Cancelo aparecesse pelo corredor a toda a profundidade. Foi com Bruno Fernandes o pensador do jogo que libertou o lateral para um jogo de grande nível.