O que é bom acaba depressa.
Como um doce da casa irresistível ou uma chamuça que precisa de companhia, a participação portuguesa no Open da Austrália chegou ao fim.
Não é que nada de estranho se tenha passado, toca a sacudir os sentimentos de desilusão, até porque embora exista quem os defenda, os milagres são profecias que teimam em não habitar o presente.
Assim como começou, chegou ao fim.
Pedro Sousa e Frederico Silva, os membros da delegação portuguesa à terra dos cangurus e do bom ténis, tiveram um sorteio malvado que lhes aniquilou as hipóteses de gracinha.
O primeiro apanhou um ainda francamente perigoso Stan Wawrinka, que despachou o português em uma hora e trinta e oito minutos sem quaisquer problemas: 6-3, 6-2, 6-4.

O jogo que começou perto da uma da manhã de Portugal, não teve grande história e expôs a falta de andamento do número 108 do mundo perante o décimo oitavo.
Alguém devia ter dito a “Stanimal” que não valia bujardos antes do meio-campo, é que a brutalidade das pancadas do suíço continua a ser incrível, com muitos winners a serem apanhados em excesso de velocidade.
A manhã já havia caído em Portugal, quando Frederico Silva se estreou em provas do Grand Slam — em quadros principais de seniores; em juniores, fazendo dupla com Kyle Edmund, venceu um US Open e um Roland Garros — e logo diante de Nick Kyrgios.
A jogar em casa, o australiano costuma dedicar-se menos a malabarismos e mais a winners fulminantes.

Ainda assim, o caldense bateu-se bem, obrigado Kyrgios a nunca perder o foco do encontro, que acabaria por vencer por triplo 6-4.
É claro que o break logo no arranque do jogo levantou aquela esperança na comunidade do ténis português, que seguramente dormiu mal para ver os seus atletas, mas depressa se esfumou a possibilidade de vitória de Fred.
Kyrgios foi sempre mais consistente e terá pela frente o francês Ugo Humbert na segunda ronda e, no caso de vitória — e se tudo correr como se espera — um embate animador com Dominic Thiem na terceira ronda.
Nos restantes jogos da noite, tudo dentro dos conformes, com vitórias tranquilas para
Surpresas só talvez na derrota de Nishioka diante de Pedro Martínez Portero e, sobretudo, a queda prematura de John Millman diante do seu público, perante um Corentin Moutet inspirado, que vingaria a cinco sets (6-4, 6-7, 3-6, 6-2, 6-3).
No quadro feminino, nada de surpreendente, a não ser a derrota de Angelique Kerber diante da norte-americana Bernarda Pera.
É certo que a alemã já viveu melhores dias, mas sair de um Grand Slam tão cedo é, além de injustificável, mau para o ânimo.
Assinala-se ainda a queda prematura da chinesa e top40 mundial Qiang Wang diante da italiana e finalista de Roland Garros em 2012 Sara Errani.
Todas as favoritas superaram os seus jogos sem grandes complicações:
O grande ponto alto do dia nas senhoras foi o regresso de Bianca Andreescu ao circuito 16 meses depois do último encontro.
A vencedora do US Open 2019 é, como se sabe, uma das mais talentosas atletas do mundo, mas precisou de 3 sets e de muita inspiração no último set para levar de vencida a romena Mihaela Buzarnescu.
Esta foi só a primeira jornada do Open da Austrália. O melhor está para vir.