O que é bom acaba depressa.

Como um doce da casa irresistível ou uma chamuça que precisa de companhia, a participação portuguesa no Open da Austrália chegou ao fim.

Não é que nada de estranho se tenha passado, toca a sacudir os sentimentos de desilusão, até porque embora exista quem os defenda, os milagres são profecias que teimam em não habitar o presente.

Assim como começou, chegou ao fim.

Pedro Sousa e Frederico Silva, os membros da delegação portuguesa à terra dos cangurus e do bom ténis, tiveram um sorteio malvado que lhes aniquilou as hipóteses de gracinha.

O primeiro apanhou um ainda francamente perigoso Stan Wawrinka, que despachou o português em uma hora e trinta e oito minutos sem quaisquer problemas: 6-3, 6-2, 6-4.

Pedro Sousa durante o encontro com Stan the man Wawrinka | foto James Ross IMAGO

 

O jogo que começou perto da uma da manhã de Portugal, não teve grande história e expôs a falta de andamento do número 108 do mundo perante o décimo oitavo.

Alguém devia ter dito a “Stanimal” que não valia bujardos antes do meio-campo, é que a brutalidade das pancadas do suíço continua a ser incrível, com muitos winners a serem apanhados em excesso de velocidade.

 

A manhã já havia caído em Portugal, quando Frederico Silva se estreou em provas do Grand Slam — em quadros principais de seniores; em juniores, fazendo dupla com Kyle Edmund, venceu um US Open e um Roland Garros — e logo diante de Nick Kyrgios.

A jogar em casa, o australiano costuma dedicar-se menos a malabarismos e mais a winners fulminantes.

Frederico Silva a dar luta ao homem da casa, Nick Kyrgios | foto Dean Lewins IMAGO

 

Ainda assim, o caldense bateu-se bem, obrigado Kyrgios a nunca perder o foco do encontro, que acabaria por vencer por triplo 6-4.

É claro que o break logo no arranque do jogo levantou aquela esperança na comunidade do ténis português, que seguramente dormiu mal para ver os seus atletas, mas depressa se esfumou a possibilidade de vitória de Fred.

Kyrgios foi sempre mais consistente e terá pela frente o francês Ugo Humbert na segunda ronda e, no caso de vitória — e se tudo correr como se espera — um embate animador com Dominic Thiem na terceira ronda.

 

Nos restantes jogos da noite, tudo dentro dos conformes, com vitórias tranquilas para

  • Thiem
  • Djokovic
  • Zverev (que ainda cedeu um set a Marcos Giron)
  • Raonic, entre outros

Surpresas só talvez na derrota de Nishioka diante de Pedro Martínez Portero e, sobretudo, a queda prematura de John Millman diante do seu público, perante um Corentin Moutet inspirado, que vingaria a cinco sets (6-4, 6-7, 3-6, 6-2, 6-3).

 

No quadro feminino, nada de surpreendente, a não ser a derrota de Angelique Kerber diante da norte-americana Bernarda Pera.

É certo que a alemã já viveu melhores dias, mas sair de um Grand Slam tão cedo é, além de injustificável, mau para o ânimo.

Assinala-se ainda a queda prematura da chinesa e top40 mundial Qiang Wang diante da italiana e finalista de Roland Garros em 2012 Sara Errani.

Todas as favoritas superaram os seus jogos sem grandes complicações:

O grande ponto alto do dia nas senhoras foi o regresso de Bianca Andreescu ao circuito 16 meses depois do último encontro.

A vencedora do US Open 2019 é, como se sabe, uma das mais talentosas atletas do mundo, mas precisou de 3 sets e de muita inspiração no último set para levar de vencida a romena Mihaela Buzarnescu.

Esta foi só a primeira jornada do Open da Austrália. O melhor está para vir.