O mundial feminino chegou ao fim, pelo caminho construiu-se uma longa estrada. Quebraram-se tabus, encheram-se estádios, reivindicaram-se direitos. Mostrou-se que o futebol já não pertence só aos homens, que as mulheres vieram para ficar e os resultados saltam aos olhos de qualquer um.

 

 

A final juntou duas equipas campeãs, EUA a defender o título de campeãs do mundo e Holanda que ganhou o último campeonato da Europa em 2017. Foi a primeira vez que as holandesas pisaram uma final nesta competição. Para as americanas já é habitual, aliás estranho seria se não estivessem presentes.

Neste momento são bicampeãs do mundo, renovaram o título conquistado em 2015 no Canadá a que juntam mais dois, o primeiro ganho em 1991 no primeiro mundial feminino da história e o segundo em 1999. Das oito edições realizadas, 4 são delas. Well done Ladies!

O jogo terminou 2-0, Megan Rapinoe abriu o marcador de grande penalidade aos 61 minutos, marcou o 6º golo na competição e igualou a sua compatriota Alex Morgan, o segundo golo chegou aos 69 por Rose Lavelle e as contas ficaram seladas para as americanas. Depois foi altura de festejarem e levantarem o caneco.

 

 

As americanas foram responsáveis por eliminar 4 equipas europeias e terminaram a fase de grupos em primeiro lugar.

Grupo F
1.º EUA 9
2.º Suécia 6
3.º Chile 3
4.º Tailândia 0

Oitavos de final
Espanha vs EUA 1-2

Quartos de final
França vs EUA 1-2

Meia-final
Inglaterra vs EUA 2-1

Final
EUA vs Holanda 2-0

A equipa liderada por Jillian Ellis fartou-se de bater recordes, ora vejam:

  • Os EUA bateram o recorde de mais golos marcados num jogo – 13 contra a Tailândia
  • Alex Morgan marcou 5 golos no jogo contra a Tailândia e igualou o número máximo de golos marcados numa partida. Michelle Akers em 1991 marcou 5 contra o Taipé
  • Os EUA acabaram a competição com 26 golos, o máximo de golos marcados num mundial
  • No pódio das melhores marcadores, também marcaram lugar

1.º Alex Morgan 6 golos e 3 assistências (EUA)
2.º Megan Rapinoe 6-2 (EUA) 
3.º Ellen White 6-0 (Inglaterra)

A capitã Megan Rapinoe foi eleita pela FIFA a melhor jogadora do mundial.

 

https://twitter.com/USWNT/status/1147955098850484224

 

As atletas americanas começaram o seu mundial muito antes de 6 de Junho, a 8 de Março entregaram uma acção judicial no tribunal de Los Angeles em que reivindicavam igualdade do género.

 

Kanjana contras as favoritas

 

A superioridade americana no futebol feminino é um facto consumado. O máximo que a selecção masculina conseguiu num mundial de futebol, foi o oitavo lugar em 2002. Então porquê tantas diferenças entre eles? Foi a questão que se colocou durante toda a competição.

Rapinoe foi uma das atletas que deu a cara pela causa e que tomou uma posição durante toda o mundial, sem papas na língua. A atleta considera que a sua posição mediática pode ser usada para se fazer ouvir e ir além fronteiras.

«Sinto-me motivada por pessoas que lutam pelas mesmas coisas que eu. Recebo mais energia daí do que a tentar a alguém que está errado. Para mim, ser homossexual e fabulosa, durante o mês ‘Pride’ no Campeonato do Mundo, é fantástico»

Não cantou o hino uma única vez, não colocou a mão no peito, entrou muda, mas não saiu calada, por cada golo marcado foi um grito de reivindicação pelo direitos das mulheres.

Não se revê nas políticas de Trump e não considera a bandeira americana como um símbolo de protecção e liberdade.

Na Casa Branca não contam com ela, do presidente, quer distância, que apelidou como sexista, racista e mesquinho e mesmo depois de todo o alvoraço que se criou com as suas declarações, não se deixou intimidar e continuou a marcar a sua posição, nos quartos de final foi responsável pelos dois golos frente a França.

 

 

 

O clique foi dado.

Os estádios lotaram, as audiências dispararam e foram batidos recordes, 62 países transmitiram os jogos. Os bilhetes para as meias finais e final esgotaram em menos de 48 horas.

O jogo de abertura entre França e a Coreia do Sul no Parque dos Príncipes contou com 45.261 adeptos nas bancadas.

A final contou com 57 900 também no Parque dos Príncipes e foi um verdadeiro espectáculo de bola.

Uma coisa é certa, as mulheres vieram para ficar. ☺