Taribo West, o nigeriano do cabelo extravagante, voltou a falar (e a ser falado) depois de ter deixado de jogar há mais de 10 anos.
Aos 45 anos o antigo defesa central veio dizer que a máfia italiana foi a responsável pela sua curta carreira no Milan (só fez 4 jogos e apontou 1 golo na equipa de San Siro).
Talvez já não se recordam do jogador que nos anos 90 e inicio do milénio não deixava ninguém indiferente devido às cores garridas e futebol impetuoso. Mas ele está de volta.
Com um cabelo de fazer inveja a Valderrama ou Abel Xavier, West era sempre o centro das atenções independentemente da equipa que representava.
Até mesmo num Inter de Ronaldo, o Fenómeno.
Greatest of all time pic.twitter.com/qaV82tqylx
— Taribo West (@Taribo_West_) July 8, 2014
A cor do cabelo fazia sempre pandã com as cores do equipamento que utilizava.
Se o Inter jogava no clássico azul e preto, entrava em campo com as tranças a azul, se o Milan jogasse de vermelho e preto, as tranças ficavam a vermelho
Quando vestia as cores da Nigéria o seu cabelo era impreterivelmente verde, a cor pela qual ficará para ser ligado.
Pela seleção da Nigéria, West fez história ao vencer a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atalanta em 1996, juntamente com Kanu, Jay-Jay Okocha e Amunike (autor do golo da vitória na final 3-2).
Uma participação épica na qual os nigerianos elilminaram o Brasil de Ronaldo e Bebeto e bateram na final a Argentina de Crespo e Claudio López. Inesquecível.
Nesses Jogos Olímpicos, a seleção de Portugal de Afonso Martins, Capucho e Paulo Alves ficou em 4.º lugar , eliminado pela Argentina e perdendo o jogo para a medalha de bronze com o Brasil por 5-0.
West brilhou para além disso, deu nas vistas nos dois Mundiais seguintes (1998 e 2002) e em duas CAN, com um total de 42 internacionalizações.
Em campo, não só marcava a diferença pelas suas tranças irreverentes, mas também por ser um defesa altamente agressivo, sempre pronto a entrar de carrinho nos adversários.
Falta de Taribo West sobre Andrei Kanchelskis, que se retira lesionado, en un Inter-Fiorentina de 1997. El defensa nigeriano, que sería tildado de "asesino" y "delincuente" por la prensa italiana, solamente fue amonestado por el árbitro del partido. pic.twitter.com/WWlkRUPEMH
— David Mosquera (@renaldinhos) March 26, 2018
Nascido em Port Harcourt, na Nigéria, West tinha tudo para enveredar por maus caminhos.
Cedo saiu de casa e mudou-se para Lagos, num bairro dominado por gangues, onde a necessidade de sobreviver à dura realidade que enfrentava fê-lo enveredar pela vida do crime.
Ironia do destino, apenas conseguiu mudar o seu rumo graças a um momento trágico na sua vida. Viu um amigo ser esfaqueado até à morte por parte de um membro de um gangue rival, que o fez voltar para a sua terra natal, onde passou a dedicar-se exclusivamente ao futebol, no Obanta United.
Após alguns anos a mostrar serviço no futebol nigeriano, tem a sua primeira oportunidade na Europa ao serviço do Auxerre.
Rapidamente ganhou destaque no clube francês, onde assumiu a titularidade ao lado de Laurent Blanc e esteve presente no melhor momento da história do clube, ao vencer pela primeira vez o campeonato francês e ainda a taça, na época 1995/96.
O crescimento no futebol francês e o ouro nos Jogos Olímpicos fizeram-no catapultar para os grandes Milão.
Primeiro o Inter, onde venceu uma Taça UEFA.
https://twitter.com/AfricaClassic/status/1132938766727962625
Depois o Milan, onde apenas disputou quatro jogos.
Agora, passados quase 20 anos deu uma entrevista ao site Score Nigeria onde explicou as origens da sua curta passagem pelo Milan na época 1999/2000.
Ao que indica, a sua saída não esteve ligada a decisões técnicas ou qualquer tipo de comportamento impróprio para com o clube, mas sim devido à máfia italiana.
«A máfia expulsou-me, eles fariam qualquer coisa para me expulsar do Milan. Disseram à imprensa que eu estava lesionado, os médicos corroboraram, mas era mentira. Corromperam-nos» Taribo West.
Isto tudo porque alegadamente não pretendiam que West, por ser Africano, roubasse lugar aos veteranos e lendas do Milan, Maldini e Costacurta.
Despachado de Milão, referiu ainda que teve a oportunidade de jogar no Liverpool mas que acabou por ingressar no Derby County, onde ajudou a equipa a manter-se na Premier League.
Depois disso, a carreira de West nunca mais ascendeu aos pontos altos do Auxerre e do Inter e o nigeriano passou a ser um ‘journeyman’, com incursões no Kaiserslautern, Partizan, Al-Arabi (Catar), Plymouth Argyle, Julius Berger (Nigéria) e Paykan (Irão), até à sua retirada em 2008.
A história que revela agora é somente mais uma a acrescentar a todas aquelas que marcaram a sua carreira, desde as dúvidas sobre a sua idade, que inclusivamente levaram o ex-presidente do Partizan a referir que aquando da sua contratação (2002) este teria 40 anos em vez 28, até às suas crenças religiosas que durante os seus tempos no futebol lhe deram a alcunha de ‘pastor’.
Altamente supersticioso, o próprio chegou a confessar recorrer a encantamentos para lhe dar sorte antes dos jogos.
Hoje, o cabelo extravagante dos seus tempos de futebolista deu lugar a uma cabeça rapada e uma aparência modesta.
Agora é pastor, a sua nova realidade e dedica exclusivamente o seu tempo à igreja “Shelter in the Storm Miracle Ministries of All Nation”, criada por si, em Lagos, na Nigéria.