Não foi meigo o sorteio para os clubes portugueses presentes na Liga dos Campeões. As diferentes favas saíram consecutivamente a Porto e Benfica, e o próprio Sporting poderia ter experimentado sensações diferentes.

Eis o que podemos esperar dos adversários das equipas portuguesas nesta fase de grupos da Liga dos Campeões.

 

Grupo B
Liverpool, Atletico Madrid, FC Porto, AC Milan

Liverpool

O Liverpool de Klopp perdeu na temporada transacta o fulgor apresentado que lhe valeu a conquista da Champions e da Premier.

Conta, porém, com o regresso de Van Dijk pós lesão. O líder da organização defensiva dos reds veio trazer ordem e coordenação coletiva com a sua liderança.

Continua o jogo veloz e frenético que Klopp sempre impõe nas suas equipas. O trio ofensivo com Salah, Mané e Diogo Jota alternando com Firmino não precisa de demasiadas transições para sentenciar resultados, e embora tenha perdido o fundamental Wijnaldum, tem Curtis Jones e Elliot a aparecer, e ainda Thiago Alcântara, um dos melhores do futebol mundial, para potenciar.

Os reds serão sempre o candidato número 1 do grupo, mas por certo que não esquecerão o confronto com o Atlético que os fez cair na última edição.

 

Atlético Madrid

A equipa de Simeone é o oposto do Liverpool. Organização defensiva fortalecida, agressividade levada ao extremo, e astucia nos momentos decididos para investir ofensivamente no jogo.

Ao contrário de tempos idos, Simeone hoje recorre a diferentes sistemas, e não será de descurar a troca do 4x4x2 por um sistema com três centrais, garantindo ainda maior solidez defensiva, que lhe prepara a transição ofensiva que é uma das mais fortes armas.

O jogo do Atleti conta com o talento de João Félix entre as linhas adversárias e o sempre temível ataque às zonas de finalização de Luis Suárez. A Koke e Saul juntou-se Rodrigo de Paul. O sector intermediário do Atleti tem sempre a particularidade de ser formado com jogadores de grande raio de acção e capacidade defensiva e ofensiva.

O jogo cínico com que sempre surge e tantas vezes triunfa, temperado com o talento ofensivo dos seus jogadores torna a equipa de Simeone a favorita a seguir com o Liverpool para os oitavos, embora os confrontos contra um FC Porto agressivo, batalhador, rigoroso e também disponível fisicamente fazem antever jogos de imprevisível vencedor.

 

AC Milan

O AC Milan é o gigante que procura acordar da letargia. Voltou na temporada passada a somar bons jogos e bons resultados e surge na Champions para se intrometer na luta pelo apuramento.

Stefano Pioli recuperou o orgulho dos rossoneri e o seu duplo pivot no meio campo é sempre fonte de um suporte tremendo defensivo e ofensivo ao jogo do Milan. Bennacer e Franck Kessié são completos, mas é no jovem Sandro Tonali que cresce a expectativa do aparecimento de um médio diferenciado, capaz de alimentar com tremenda categoria a linha ofensiva onde há o português Rafael Leão, o espanhol Brahim Díaz e agora o internacional francês Oliver Giroud.

Mas é Ibrahimovic quem continua a ser atração pela sua capacidade de jogar, fazer jogar e marcar.

Em San Siro ninguém passará por facilidades. E no grupo B é impossível predizer com total certeza classificação.

 

Grupo C
Sporting, Dortmund, Ajax, Besiktas

Há chances reais do Sporting ser feliz no Grupo C.

Dortmund

O Dortmund poderá perder Haaland mas imensidão de talento ao serviço de Marco Rose não fará prever facilidades de qualquer forma.

Nasce um 4x2x3x1 que aproveita as capacidades criativas de Reus, Reyna e Hazard nas costas do ponta de lança e, permite ainda a Bellingham e Witsel, um papel de suporte e construção importante num jogo rápido e pressionante na perda.

Tremendas qualidades técnicas e físicas, tornam o jogo do Dortmund difícil de suster, sobretudo para quem na sua realidade nacional nunca tem jogos cuja velocidade obrigue a decisões mais rápidas.

 

Ajax

O Ajax será na teoria o grande concorrente.

Longe da equipa que conquistou a Europa pela partida dos seus melhores jogadores, tem na continuidade do seu treinador Ten Hag a certeza de que o seu estilo de jogo continuará a ser ofensivo e a explorar o fantástico Tadic, que com Antony e Neres trazem criatividade e velocidade de execução para o último terço, que se torna especialmente difícil de segurar quando o costa marfinense Haller está em dia de materializar a criação em golos.

O jogo agressivo sem bola, com base no encaixe individual, dificultará o assumir do jogo aos seus oponentes, mas também torna o Ajax mais susceptível a ver um qualquer erro em zona adiantada ser transformado numa avenida até à sua baliza.

Talento individual e organização ofensiva que sente ainda dificuldades defensivas, que poderão ser exploradas.

Besiktas

Longe da busca pelo apuramento estará o Besiktas.

O 4x3x3 de Yalcin tem pouco rigor na organização das suas linhas e o talento na Turquia já abundou, mas não é mais hoje um dos atrativos.

O ex leão Rosier voltará a Alvalade, mas é Jermain Lens e Ljajic que, se focados no seu trabalho, trarão criatividade e capacidade ofensiva para o Besiktas.

Os jogos na Turquia são sempre de natureza complicada, mas a organização leonina e o maior talento português deverão determinar diferenças.

 

Grupo E
Bayern Munique, Barcelona, Benfica, Dínamo Kiev

Não adiantará ter ilusões. A luta para o Benfica será com o Dínamo por uma presença na Liga Europa.

Bayern Munique

O todo poderoso Bayern continua como um dos candidatos maiores ao troféu final.

Da intensidade de um meio campo insuperável, formado por Goretzka e Kimmich, os bávaros orientados por Nagelsmann não apenas não permitem que ninguém jogue contra si, como são posteriormente capazes de ter um ataque posicional de nível galáctico.

As entradas da bola em zona de criação onde Gnabry e Sané aceleram o jogo até Muller e ao finalizador Lewandowski, tornam o Bayern um conjunto praticamente imparável.

A componente tática, física e técnica dos alemães é um arraso e não permitirá veleidades em qualquer estádio do grupo. Muito provavelmente nem em Barcelona a equipa bávara cairá.

 

Barcelona

Não se subestime contudo o poderio dos “culé”.

Perderam Messi, perderam o misticismo e chama, mas não se pode ignorar o potencial de quem junta Griezmann, Kun Aguero e Depay na frente, enquanto Pedri e De Jong como interiores pautam todo o jogo ofensivo, mantendo rotação no momento sem bola para não permitir veleidades.

A presente época marca o retorno do tão desejado 4x3x3 a Camp Nou e a capacidade de construção de Eric Garcia com Piqué, a projeção ofensiva de Dest à direita e Alba à esquerda, com um trio de meio campo e linha ofensiva verdadeiramente sensacional, tornam o Barcelona o mais que favorito a seguir o Bayern para os oitavos.

 

Dínamo Kiev
É sobre o Dínamo de Kiev que recairão as atenções maiores do Benfica.

Reside na equipa de Lucescu a grande batalha para o apuramento Europeu para a Liga Europa.

O 4x3x3 dos ucranianos conta com o poderio físico do luxemburguês Gerson Rodrigues e com o experiente interior Buyalskyi. O médio internacional vem somando golos e assistências todas as temporadas e continua a pautar o jogo ofensivo de um conjunto que tem precisamente na sua linha mais recuada o ponto mais forte e difícil de bater.

Um conjunto de internacionais ucranianos – Kedziora é a excepção, esteve no último Europeu mas para defender as cores da Polónia – todos fortes fisicamente e imponentes no duelo defensivo.

O jogo em Kiev será sempre de dificuldade elevada, mas há menor criatividade ofensiva do conjunto de Lucescu e a crescente organização defensiva do Benfica poderá fazer cair definitivamente a balança para o conjunto de Lisboa nos confrontos diretos.

E porque não se pode esperar ir buscar pontos a Munique ou a Barcelona, há que ser eficaz nas duas partidas com o Dínamo.