Gareth Bale olhou para Ronaldo quase a fazer 38 anos e achou que não precisava de tanto (Messi tem 35 anos e também torceu o nariz à longevidade do argentino).

 

Aos 33 anos, o galês anunciou a sua saída do futebol.

O maior goleador de sempre do País de Gales retirou-se oficialmente do clube e do futebol internacional.

Foi um talismã para o seu país, realizou 111 jogos e levou Gales às meias-finais do Euro 2016, o seu primeiro grande torneio desde 1958.

Foi ainda o capitão da seleção no último Mundial, no Qatar – conseguiu apurar os galeses para uma fase final (a primeira desde errr 1958).

«Agora vai tornar-se num fantástico jogador de golfe», Guardiola sobre a retirada de Bale

 

O melhor britânico de sempre?

É Bale o melhor futebolista britânico de sempre? É discutível, mas se olharmos para os títulos é difícil dizer que não.

É pelo menos o mais bem sucedido de sempre: sai de cena com CINCO Ligas dos Campeões no bolso com o Real Madrid, mais 3 campeonatos em Espanha.

«Nada mau para um rapaz de Cardiff que começou na lateral esquerda do Southampton e levou dois anos, três treinadores, 25 jogos da Premier League e 1,533 minutos para ganhar o seu primeiro jogo com o Tottenham», escreve o the guardian

 

Ator principal

E não se pode dizer que foi um figurante nestas conquistas.

Numa das finais marcou dois golos, um deles de bicicleta. Há melhor estilo que isto?

Num comunicado no início desta semana, Bale afirmou ser um sortudo.

«Sinto-me incrivelmente afortunado por ter realizado o meu sonho de jogar o desporto que adoro. Deu-me verdadeiramente alguns dos melhores momentos da minha vida. Os mais altos de 17 épocas que serão impossíveis de replicar, não importa o que o próximo capítulo me reserva»

 

Os momentos que temos de agradecer a Bale

1 – A bicicleta no final da Champions

Esqueçamos Karuis e tudo o resto. O jogo estava empatado 1-1 e foram dois golos de Bale que deram o título ao Real Madrid.

Primeiro num remate traiçoeiro, o segundo numa bicicleta: e quem se lembra de fazer uma bicicleta numa final da Champions? E fazendo uma, conseguir marcar?

Só ele.

Já está lá dentro, assim desta maneira improvável | foto: IMAGO

 

2 – A corrida mais desenfrada do mundo

Esqueçamos tudo o que sabemos sobre potência e velocidade.

O que Bale fez na final da Copa do Rei em 2014 foi soberbo: recebeu a bola antes do meio-campo e o que fez a Bartra não se faz a ninguém.

Meteu-lhe a bola por um lado e foi pelo outro – quando dizemos outro, dizemos que teve de sair do campo para contornar o homem e ir buscar a bola mais à frente.

Estamos a 5 minutos do fim do jogo, as pernas cansadas e os pulmões no limite: não os do galês, que só parou com a bola entre as pernas de Pinto, o 2-1, a vitória e a Taça.

 

 

3 e 4 – Termos Gales numa fase final de um Mundial e Europeu 64 anos depois

Foi simplesmente heróico. Seis décadas depois podermos ver o Muro Vermelho feliz: falamos dos adeptos galeses numa fase final.

Graças a quem? Ele mesmo, Gareth.

Levou Gales à fase final do Euro 2016 – só foi batido por aquele que viria a ser campeão Portugal – nas meias-finais não resistiu ao ímpeto maior de Ronaldo, companheiros no Real Madrid.

Depois levaria Gales ao Mundial da Rússia e do Qatar, com um Europeu pelo meio. Tornou-se um habitué entre os grandes.

Levou Gales à meia-final do Euro 2016, só derrotado pelo seu companheiro Ronaldo, que viria a ganhar o troféu | foto: Alexander Demianchuk IMAGO

 

5 – Aquele pé esquerdo (aqui estão vários momentos mas juntamos tudo num só)

Não foram os 250 golos na carreira, foram também as assistências. Aquele pé esquerdo ofereceu muita coisa e muitos golos também.

Os dribles, aliados à potência e velocidade de Bale – com uma visão de jogo acima da média – ofereceram a quem jogava com ele o melhor dos mundos: passes, assistências e golos.

Vamos ser só nós a agradecer?