Daniele de Rossi é um dos daqueles trincos que nunca vamos esquecer. Quer pelas entradas mortíferas, quer pelos golos do meio da rua, quer pela anulação de tantos médios criativos de classe mundial. Despediu-se ontem, no Olímpico de Roma, contra o Parma. Teremos saudades.

Chegou à AS Roma em juvenil, ainda não tinha aquela barba. Veio do Ostia Mare – um clube satélite da Roma – no início do século XXI e despediu-se ontem, aos 35 anos, como um dos grandes símbolos dos giallorrossi.

Na última jornada da Série A – que coloca a Roma num pesado sexto lugar, e fora da Liga dos Campeões – na recepção ao Parma, Daniele de Rossi calçou as botas no Olímpico pela última vez. E logicamente que isso não podia ser tomado como mais um dia, como uma ocasião casual, nada disso, o estádio parou e chorou para se despedir da lenda.

 

https://www.youtube.com/watch?v=XszLq4TB0vQ

 

Se há coisa que não vamos fazer, estimado leitor, é atirar-lhe areia para os olhos. De Rossi é um daqueles trincos que mete medo, que nenhum número 10 quer enfrentar, que gera sempre aquele pensamento: “é desta que ele me parte uma perna”.

Mas isso é como tudo, é o que fica à primeira vista, é uma imagem de marca. Não pode é ser isso a esconder o genial jogador que foi e é De Rossi – sim, porque esta saída não significa fim de carreira, o italiano quer prosseguir mais uns tempos lá fora, aguardemos para ver onde –, um médio-defensivo com uma capacidade de marcação incrível, com passe, com um remate potente, que fez tremer algumas redes.

Recordam-se daquele golo que marcou à Fiorentina, em 2007?

 

 

E depois aquela atitude de melga, aquele médio chato e irrequieto, que nos faz perguntar: “Quem é que convidou este gajo para a festa?”.

 

 

Ontem, deu a volta olímpica, abraçou Francesco Totti – a outra lenda da Roma, que lhe passou a braçadeira de capitão assim que abandonou, em 2017; existe alguma coisa neste clube que faz o mundo acreditar numa espécie de amor à camisola pós-moderno? – e despediu-se. Já antes havia abandonado a selecção italiana, onde também foi muito feliz.

Em 2006, foi campeão do mundo, marcando um dos penáltis decisivos contra a França

Além disso, é o segundo médio mais goleador da selecção transalpina. Tem 21 golos marcados, atrás de Adolfo Baloncieri – médio que entre 1920 e 1930 fez 25 golos. É, além disso, com 117 presenças, o quarto jogador com mais internacionalizações de sempre, só superado por Buffon (176), Cannavaro (136) e Maldini (126).

É, como podemos ver, uma lenda que ainda não pendurou as botas. Vejamos seu o próximo episódio.

 

Daniele De Rossi diz adeus à Roma com Francesco Totti e Bruno Conti