Todos sabemos que o grande foco de atenção ali para os lados de Barcelos é o treinador do Gil Vicente, Vitor Oliveira. E não é só pelo bigode: é porque se trata de um treinador, o verdadeiro campeão das subidas da segunda divisão, que agora anda a tentar fazer um brilharete na primeira liga.
Mas hoje, fugindo talvez às hostes mais patriotas, falemos de um jogador estrangeiro, neste caso, de Bozhidar Kraev. Sim, esperamos cinco minutos para que consiga dizer o nome todo. Vá, nós ajudamos, Boz…hi…dar… Kraev. Está? Não? Sim? É indiferente. Porque o médio de 22 anos não precisa que lhe saibam soletrar o nome, mas que estejam atentos ao que faz dentro de campo.
Voou emprestado da Dinamarca – ex-Midtjylland, onde esteve duas épocas e fez 37 jogos e cinco golos – para Portugal, para o norte de Portugal. Digamos, Barcelos, que é para ninguém se ofender. Ou seja, pode regressar para os nórdicos, mesmo só tendo feito 6 jogos a titular absoluto.
Pode regressar porque os únicos títulos conquistados são de lá, tanto a Taça, como a Liga e talvez seja necesário colocar o seu nome no livro do Guiness por ser o único búlgaro na história a deter títulos da Dinamarca. E pode regressar, porque foi comprado por 500 mil euros, e agora já leva 27 jogos pelo Gil Vicente, mas também marcou cinco golos.
E atenção: bastou-lhe saltar para o relvado logo na primeira jornada desta temporada diante dos dragões, para brilhar (2-1 para o Gil, com selo búlgaro). Dizem as boas línguas do bitaitismo da imprensa portuguesa que Kraev é criativo, equilibrador, intenso, frio, eficiente, maturo, e todos os demais adjectivos que tanto podem vir de um concorrente do Big Brother como de um jogador de futebol. A grande diferença é que Kraev tem também outra qualidade: a inteligência.
Sendo búlgaro e com o dom da bola, saltou para a formação do Levski de Sofia, tendo vestido a camisola principal com apenas 17 anos. De 2014 até 2017, fez uma porrada de jogos como sénior, mais propriamente 94. Pois é, mas agora até joga pela seleção nacional do seu país e chegou mesmo a marcar dois golos diante da Eslovénia durante a Liga das Nações.
Mas antes, em 2008, tinha-se destacado num torneio búlgaro patrocinado pela Gillette em que o convidado de honra foi Hristo Stoichkov (estrela do Barcelona nos anos 90 e único búlgaro vencedor da Bola de Ouro, em 1994). E o que é que Kraev ganhou? Uma ida até Espanha para treinar numa das academias de Hristo, como conta o Four Four Two.
Podia ter ido mais longe – até mesmo no campo, porque jogou em posições mais avançadas do que joga no Gil -, mas uma mudança no scouting fê-lo regressar ao país de origem. Saiu de lá com a alcunha de “Chicharito” – nome do maior goleador mexicano de sempre e que também quer dizer… ervilha.
O mais interessante é que chegou a fazer testes no Manchester City e na Juventus e a assinar um contrato com a agencia Stellar Group que, digamos, representa Gareth Bale.
Míudo nascido em Vratsa, chegou mesmo a ganhar competições de média distância, seguindo as pisadas da mãe, uma antiga atleta profissional. Já o pai foi… treinador de futebol, mas sem grande sucesso. E é também por isso que Kraev se chama Bozhidar – “oferta de Deus”, em búlgaro. Para já tem sido uma grande oferta, sim, mas para o galo de Barcelos.
Ah, convém dizer também que em 2017 – ano em que se estreou pela seleção da Bulgária -esteve nomeado para Golden Boy mas enfim, Mbappé. Entretanto Krasimir Balakov, selecionador búlgaro e ex-craque do Sporting, largou o lugar mas Kraev não. É este verão que o mini craque salta para voos mais altos?