Nunca uma temporada da maior liga de basquetebol do mundo foi tão longa. Mas até o que à primeira vista parece ser interminável acaba por conhecer o seu fim.
Na próxima madrugada dois velhos conhecidos — afastados desta festa privada há já alguns anos — regressam ao último andar do arranha-céus NBA.
Os Lakers, equipa com maior número de presenças em Finais NBA (31) e segundo conjunto com mais títulos conquistados (16, só superados pelos 17 dos Boston Celtics), voltam ao local do crime depois de dez anos de ausência — em 2010, diante dos Celtics, foram precisos 7 jogos para decidir quem ficava com o anel.
O MVP dessas finais foi Kobe Bryant, que, entretanto, viria a morrer num trágico acidente de helicóptero e cuja eventual homenagem no caso de vitória dos de LA será certamente motivação extra.
Do outro lado do campo estarão os Miami Heat, cuja última aparição nesta fase da competição remonta a 2014, curiosamente com LeBron James, lenda ainda no activo que hoje está na trincheira oposta.
Nas duas temporadas que antecederam 2014, também com o King vestido de vermelho e ao lado de Dwayne Wade e Chris Bosh, os Heat conquistaram dois dos seus três títulos NBA — o outro é mais antigo, em 2006, quando Shaq fazia companhia a Wade e viraram a série de 0-2 para 4-2, diante dos Dallas Mavericks.
E não deixa de ser curioso que os Heat aqui tenham chegado, deixando meio mundo boquiaberto, depois de terem sido apenas quintos classificados na fase regular da Conferência Este.
Para aqui chegarem, despacharam os Indiana Pacers por 4-0, e depois, chocando o universo, alterando, provavelmente, a rotação da Terra sobre si e criando mais uma ou outra cratera na lua, arrumaram com os grandes candidatos Milwaukee Bucks.
A partir daqui o que era uma surpresa deixou de o ser.
Inverteu-se a lógica: quem é que conseguirá parar estes Miami Heat movidas a um Jimmy Butler comprometido como quase nunca o vimos na carreira, a um genial Tyler Herro, a um animalesco Bam Adebayo e a um calmo e essencial Goran Dragic.
E se a estes juntarmos a capacidade de tiro de Duncan Robinson, um Crowder que deixou de ser apenas um excelente defensor para contribuir ofensivamente com lançamentos destemidos de longa distância e ressaltos em barda, mais um Iguodala que aos 36 anos atinge a sua sexta final da NBA consecutiva: cinco ao serviço dos Golden State Warriors e esta agora ao serviço da turma de Miami.
Quanto aos Lakers, pois claro, quem tem LeBron James arrisca-se a ganhar. O ano passado, em 2019, quando os Toronto Raptors surpreenderam o mundo, foi o único ano em que o King não esteve presente por estas bandas desde 2011, o que demonstra o poderio da equipa que o detém.
Se a James somarmos Anthony Davis, Alex Caruso, e um Rondo e um Howard a ressuscitarem nos últimos jogos, vão ser precisos uns Heat a roçar a perfeição.
Nesta final inédita, há ainda um detalhe caricato: Dion Waiters, jogador que actualmente está ao serviço dos LA Lakers, é já campeão da NBA, independentemente de quem sair vencedor, isto porque o atirador começou a temporada nos Miami e, portanto, o anel será sempre seu, de um lado ou de outro.
Foi por isto que esperamos durante um ano. Se o sono começar a aparecer é colocar o despertador para as 02h e pedir desculpa ao patrão pela fraca produtividade no dia seguinte.