Desde 1987 que a Real Sociedad não ganhava um troféu.
Este fim-de-semana, diante do Athletic Bilbau, o enguiço quebrou-se por 1-0.
A festa foi muita, mas ninguém estava preparado para o que Imanol Alguacil, treinador da equipa, ex-jogador e ex-treinador da formação da Real, tinha para dizer ao mundo.
Durante a conferência de imprensa, o técnico decidiu vestir a camisola, envergar o cachecol e entoar um dos hinos, como um verdadeiro adepto.
É de levar às lágrimas.
O técnico da Real Sociedad, Imanol Alguacil, acaba de levar o clube ao seu primeiro troféu em 34 anos. Ele é um fã de longa data, então é justo que ele comemore como um verdadeiro torcedor.pic.twitter.com/im7tcjAXy4
— Curiosidades Europa (@CuriosidadesEU) April 4, 2021
O mais curioso é que Imanol não é o único dentro da estrutura do Sociedad que já fez parte do clube. O diretor desportivo, Roberto Olabe, também foi jogador e ex-treinador de formação.
Aliás, quem marcou o golo da vitória nesse jogo diante do Bilbao foi Mikel Oyarzabal… jogador da formação.
É como se escrevia no twiter: «As vitórias não valem todas o mesmo».
Os festejos da equipa de San Sebastián foram sendo feitos ao longo da região, com Imanol sempre a contribuir, esquecendo a ética profissional – o que quer que isso seja nestes momentos – e juntando-se aos adeptos nas cantorias.
E fez tudo isto a partir de sua casa.
Me llega este vídeo por WhatsApp de Imanol Alguacil celebrando la Copa desde el balcón de su casa con Orio, su pueblo. Estará siempre en la historia de la #RealSociedad 💙🤍🏆 pic.twitter.com/pJRf7fII12
— Beñat Barreto (@BeBarreto) April 4, 2021
O técnico de 49 anos, nascido na cidade de Orio, província de Gipuzkoa, só conhece mesmo este clube, tendo chegado à equipa principal em 2018/2019 e passando pela B, como treinador adjunto.
Conseguiu superar a marca dos 100 jogos na La Liga, ainda que não tenha jogado muito.
Ainda assinou pelo Vilarreal – tal como outros emblemas, já no final da sua carreira – mas voltaria a casa pouco tempo depois.
Confessou há uns tempos, em entrevista, que o seu objetivo nem era treinar a equipa principal.
“Nunca imaginei, tudo isto é uma consequência e fruto do trabalho”, contou, citado pelo El Desmarque.
Dizem os adversários que trata toda a gente com respeito – até os árbitros.
Veremos se o mantém quando voltar a defrontar a equipa que derrotou na Copa del Rey, esta quarta-feira.
A Real Sociedad está num merecido sétimo lugar, a morder os calcanhares dos lugares europeus.
Chegou a ser líder o campeonato no final de 2020, e Carlos Xavier, antigo colega de Imanol – que andou por lá nos anos 90 -, dizia, nessa altura, ao Expresso que a equipa liderada pelo antigo companheiro andava “equilibrada, muito serena e muito personalizada em campo”.
As paragens tiraram qualidade e rendimento, mas não ao ponto de destruir tudo o que já tinha sido feito.
O mais engraçado é perceber que na altura em que o jogador português jogou na Real, havia uma ideia semelhante a que está a ser aplicada por Ruben Amorim: puxar os miúdos com os mais velhos a ajudar: Imanol era desses miúdos.
“O Imanol muitas vezes a lateral direito, era muito batalhador, muito guerreiro, não era fino tecnicamente, mas era um vaivém que era impressionante”, disse.
Na Real, hoje em dia, o actual técnico tenta fazer o mesmo com as camadas mais jovens.
Agora, Imanol já não é jogador mas sim o terceiro técnico do clube a ganhar um troféu.
Como conseguiu montar uma equipa – depois de uma estrondosa derrota por 6-1 diante do Barcelona – para ganhar o tal título, ninguém sabe.
E o que poderá fazer esta equipa do que resta a La Liga também não. Talvez gostasse de estar em campo — andou por lá quase dez anos. Para já, fica com treinador até 2023, a ajudar miúdos como ele a tentar marcar a sua história no clube.