O central francês de 21 anos do Leipzig é, sem qualquer questão, um dos melhores centrais a jogar na Europa. Não é um daqueles centrais repleto de capacidades técnicas, vontade de sair a jogar, não é, mas nem todos têm que saber fazer passes que cruzam o campo e desmarcam avançados, certo?
No fundo, para se ser um dos melhores defesas-centro mais vale ser intransponível do que artista. Dayot Upamecano é um desses muros que dificilmente se ultrapassam e, em caso de, há sempre que limpar os cortes provocado pelo arame farpado.
No entanto, é um jogador com zero internacionalizações pelo seu país, a França. Não é algo que nos faça muito sentido, mas daí a querermos estar no papel de Didier Deschamps vai uma longa distância.
Ora vejamos, o seleccionador francês, nas últimas convocatórias para os jogos de qualificação para o Campeonato Europeu, levou, de centrais, Lenglet (Barcelona), Kimpembe (PSG), Varane (Real Madrid) e ainda Kurt Zouma (Chelsea) e Pavard (Bayern Munique) que tanto jogo no centro como na faixa direita da defensiva. E, aliás, assim foi durante quase toda a fase qualificativa. Podemos até dizer, de forma mais ou menos clara, que Lenglet e Varane são a dupla titular no caso de Deschamps jogar com um sistema de quatro defesas e não com um de três centrais, como já testou no último jogo do grupo, diante da Albânia (0-2).
Agora podemos elencar mais uns quantos nomes que não cabem aqui: Umtiti (Barcelona), Laporte (Manchester City), Abdou Diallo (PSG), Boubacar Kamara (Marselha), Malanga Sarr (Nice), William Saliba (Saint-Etienne), Todibo (Schalke, emprestado pelo Barcelona), Ibrahima Konaté (Leipzig), Dan-Axel Zagadou (Dortmund) e, claro, Upamecano (Leipzig). Só esta lista é como que uma enxaqueca interminável e caso para dizer que os franceses têm centrais para dar e vender a todas as selecções do mundo.
É claro que Deschamps pode sempre deixar cair Zouma, jogador que tem perdido espaço na equipa titular do Chelsea, e é claro que até ao Euro 2021 muita água vai correr, mas se tivéssemos que apostar agora diríamos que Upamecano vai falhar essa grande competição. O que é seguramente motivo de tristeza, para ele, e para os amantes do futebol.
Recuemos, então, na sua história. Com origem na Guiné-Bissau, Upamecano (1,86m), nasceu na cidade francesa de Évreux, onde começou a dar os primeiros toques, no clube local. Em 2013, já apontado como benjamim de enorme valor, é contratado pelo Valenciennes, clube onde esteve por dois anos, antes de ser contratado, ainda em júnior, pelo Salzburgo.
Foi cedido ao Liefering na temporada 2015/16, onde tanto fez, que voltou à equipa mãe para ser titular. Nesse posto, durou meia temporada, até ser recrutado pelo Leipzig, morada onde ainda habita, quase sempre como titular. Pelo meio, tem um Euro Sub-17 conquistado e no Euro Sub-21 de 2019 perdeu diante de uma super-Espanha nas meias-finais, comandada por Albert Celades e com estrelas como Oyarzabal, Ceballos, Marc Roca, Fornals, Dani Olmo, Fábian Ruiz…percebe-se a derrota.
Apesar de se ter cruzado com o Benfica na fase de grupos da Liga dos Campeões, foi suplente no jogo da Luz, o que não é de estranhar, pelo menos se pensarmos que Julian Nagelsmann tem opções de sobra para o eixo da defesa: Orban, Klostermann, Mukiele, Konaté, Ampadu. No entanto, seria titular na recepção e empate a duas bolas na Alemanha, naquele jogo infeliz para os encarnados, que os atiraria para voos mais rasos.
Golos? Não marca desde 2018, mas se pensarmos a quantidade de golos que já impediu que os adversários fizessem na baliza que defende está tudo desculpado. É, por isto e por todas as razões atrás nomeadas, um central de classe mundial, com futuro assegurado em qualquer geografia onde vá parar.
Ouvem-se zumbidos de Inglaterra, que o Arsenal e o Man United o têm referenciado – e como precisam de gente talentosa para o centro da defesa. Para Upamecano vai ser só escolher. Difícil vai ser ir ao Euro. Cá estaremos para ver.